August 09, 2021 #Inovação e empreendedorismo #Vida e cultura

Inovação, tecnologia e bem-estar: três empresas mapuches que você deve conhecer

Configurações de acessibilidade

Chamamos a atenção para o talento e a criatividade do povo mapuche, cujas empresas estão quebrando paradigmas.

Um vinhedo orgânico que usa energia solar, uma plataforma de gerenciamento de aprendizado e um centro que combina terapias complementares com visões de mundo ancestrais. A seguir, contamos a você sobre essas três empresas, que incorporam a diversidade do ecossistema empresarial mapuche.

O primeiro vinho espumante mapuche:

Em Carahue, na região da Araucanía, em uma colina cercada por antigas árvores nativas, Isolina Huenulao criou a Viña Wuampuhue. O nome significa "lugar da canoa" em mapudungun, em referência ao Rio Imperial que atravessa o território. Em meio hectare de terra, ela plantou videiras de pinot noir, uma cepa francesa ideal para climas frios, com a qual introduziu o primeiro vinho espumante feito por uma mulher mapuche na indústria vinícola do Chile.

O cultivo do vinhedo e o processo de vinificação são realizados de forma orgânica, respeitando a Mãe Natureza e tentando tornar o processo o mais sustentável possível, seguindo os princípios e valores da visão de mundo mapuche. A irrigação é fornecida por um riacho, o controle de ervas daninhas é realizado por ovelhas pastando e o vinhedo tem até painéis solares para fornecer eletricidade.

"(Tudo) é realizado em uma comunidade mapuche, por uma mulher mapuche, em uma terra orgânica mapuche. Somos capazes de fazer tudo isso graças a Deus e à Mãe Natureza, que nos dão a força para produzir esse produto", afirma Isolina com orgulho, enquanto segura os frutos de seu trabalho em suas mãos.

Um aplicativo educacional usado em seis países:

A professora Isabel Loncomil, o engenheiro industrial civil Marcelo Catrileo e o engenheiro civil de computação Emerson Marín Licanleo são os cérebros por trás da Lirmi, uma plataforma especializada em gerenciamento de currículo. A plataforma fornece aos professores ferramentas digitais para fins de planejamento e para apoiar e melhorar os processos de ensino e aprendizagem. Embora tenham criado o aplicativo edtech em 2013, a pandemia do coronavírus levou as aulas on-line e impulsionou a adoção do software em escolas dentro e fora do Chile. Atualmente, o aplicativo é usado em aproximadamente 1.900 centros educacionais no Chile, Peru, Colômbia, México, Brasil e Estados Unidos.

Emerson Marín Licanleo, CEO da Lirmi, explica que a plataforma ajuda a democratizar a educação, pois as ferramentas digitais de apoio aos professores melhoram a qualidade dos processos de ensino e permitem que eles alcancem um número maior de usuários. "Se o professor faz um bom trabalho, a escola melhora em todos os seus indicadores", ressalta, acrescentando que, no ano passado, 400 mil professores foram treinados para usar a plataforma e um livro de classe gratuito foi disponibilizado para as escolas latino-americanas. A equipe mantém as expectativas altas: no próximo ano, eles esperam atingir 3.000 escolas.

Conectar-se com a natureza:

A equipe de marido e mulher Mónica Cornejo Colipán e Rodolfo Gaete Naveas criou o centro de retiro e bem-estar Kiñewün, um nome que significa "somos todos um" em mapudungun. O casal foi treinado em terapias complementares, como reiki e massagem antroposófica, e recebeu instruções sobre a visão de mundo mapuche ao lado de antropólogos e loncos (chefes mapuches). Eles agora procuram combinar o melhor dos dois mundos por meio das terapias que seu centro oferece, localizado na comunidade mapuche Juan Quilacán, em Villarrica, às margens do rio Voipir. Um dos princípios fundamentais dessa cultura ancestral é a compreensão dos seres humanos e da natureza como um todo. Por esse motivo, os visitantes do centro são convidados a experimentar uma conexão com os quatro elementos naturais e a conhecer mais profundamente a cultura mapuche.

"A perspectiva mapuche entende que os seres humanos são parte de um todo. Quando não nos sentimos bem e perdemos o equilíbrio em nossa vida, é porque nos desenraizamos da natureza, da própria vida. A vida flui em nós. Encontrar o equilíbrio dentro desse processo é curar-se", explica Mónica Cornejo Colipán nesse pedaço de paraíso, cercado por árvores nativas como o carvalho patagônico, a faia, a murta e o canelo, que todos os anos é visitado por chilenos e estrangeiros.

Boletim informativo

Imagem do Chile