21 de março de 2023 #ChileDiverse #ChileGlobal

Cinco poetas chilenos que se destacam na literatura internacional

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No âmbito do Mês da Mulher e do Dia da Poesia, destacamos cinco mulheres chilenas que estão deixando o nome do país no topo. Conversamos com algumas delas sobre o espírito coletivo e outras características que unem as poetisas nacionais.

No entanto, antes de continuar com a lista, é importante saber em que cenário o mundo literário feminino se encontra atualmente. Embora hoje não tenhamos mais expoentes como Marta Brunet ou María Luisa Bombal, as gerações seguintes mantêm um vínculo entre seus textos, o que é destacado pela escritora Rosabetty Muñoz, ganhadora do Prêmio Pablo Neruda. "O que acontece com as mulheres que estão escrevendo hoje, pela minha experiência, é a solidariedade e o espírito coletivo. Uma certa maneira de trabalhar por não ter o reconhecimento que é devido a cada uma das obras, de modo que os laços entre nós são reforçados, de fraternidade", explicou a poeta.

Por sua vez, a escritora chilena Soledad Fariña está otimista com o "excelente" cenário literário, enfatizando que hoje há "muitas mulheres escrevendo, publicando, sendo traduzidas e ganhando prêmios aqui e no exterior". Além disso, Fariña garante que a união que existe entre as mulheres na literatura "nasceu com a intenção de apoiar umas às outras, de ler umas às outras em uma jornada difícil com o ataque às nossas produções por acadêmicos, críticos e autores homens". "Nós, as mais antigas, as que nos apoiamos desde o congresso (Congreso de Literatura Femenina Latinoamericana 1987), estamos sempre apoiando e admirando o que está por vir, a expansão dessas escritoras em direção a novos temas e formas", enfatizou a bolsista da Fundação J.S. Guggenheim.

Aqui está uma lista de cinco poetisas chilenas que ganharam reconhecimento mundial.

  • Rosabetty Muñoz

Nasceu em Ancud, Chiloé, em 1960. Desde que se formou como professora de espanhol, trabalhou como professora em diferentes estabelecimentos educacionais em Chiloé e participou ativamente do desenvolvimento cultural do sul do Chile. Publicou Canto de una oveja del Rebaño, Ediciones Ariel, Santiago (1981); En Lugar de Morir, Editorial Cambio (1987); Hijos, Editorial El Kultrún, Valdivia (1991); Baile de Señoritas, El Kultrún (1994); La Santa, historia de su elevación. Edições Lom (1998); Sombras en el Rosselot, Edições LOM (2002); Ratada, Edições LOM (2005); En Nombre de Ninguna (Edições El Kultrún, Valdivia, 2008); Hijos (Ofqui Editores, 2016); Ligia (Edições LOM, 2019); Técnicas para cegar a los peces (Edições UV, 2019); Misión Circular (LUMEN, 2020); Santo Oficio (Edições UDP, 2020). La Voz de la Casa (Ediciones Universidad Católica del Maule, livro lançado em 2021) UCM, livro em papel 2022.

Recebeu distinções por seu trabalho, algumas delas são: Prêmio Pablo Neruda, pelo conjunto de sua obra (2000); Bolsa de Estudos da Fundação Andes (2000); Prêmio do Conselho Nacional do Livro por Sombras en El Rosselot, como melhor obra inédita (2002); Prêmio Regional de Arte e Cultura (2012). Prêmio Altazor 2013 por Polvo de Huesos (Pó de Ossos). Membro da Academia Chilena de Letras (2014); Prêmio Lifetime Achievement Award 2018 concedido por Young Poets e pela Fundação Neruda. Prêmio Manuel Montt concedido pela Universidade do Chile por Ratada (2018). Candidato ao Prêmio Nacional de Literatura 2020. Prêmio Círculo de Críticos 2021 pelo livro Misión Circular (Lumen 2020) Prêmio Municipal de Santiago em poesia pelo livro Técnicas para Cegar a los Peces (2020-2021) Prêmio Atenea 2021 pelo livro Santo Oficio. Prêmio Nacional de Poesia Jorge Teillier 2022.

  • Soledad Fariña Vicuña

Nasceu em Antofagasta em 1943. Estudou Ciências Políticas e Administrativas na Universidade do Chile; Filosofia e Humanidades na Universidade de Estocolmo; Ciências Religiosas e Cultura Árabe na Universidade do Chile, e tem mestrado em Literatura pela Universidade do Chile. Entre 1973 e 1977, ela esteve exilada na Suécia. Publicou os livros El Primer Libro, Santiago1985-Buenos Aires1991; Albricia, 1988-2010; En Amarillo Oscuro, 1994; Narciso y los Arboles, 2001; Otro cuento de pájaros, 1999-2021; La vocal de la tierra, Santiago, 1999- Madri, 2007-Chiapas, 2019. Donde comienza el aire, 2006; Se dicen palabras al oído, Madri, 2007; "El deseo hecho palabra", ensaios e artigos, 2021. Traduções: Now as we dance, versão de poemas de Safo, 2012. Nanny Lugton's Curtain, Virginia Woolf, 2020. Mystical Poems of al-Hallaj, (do francês), 2021.

Foi cofundadora da Radio Tierra, um projeto de comunicação para mulheres, em 1991. Lecionou literatura infantil na Universidade do Chile e conduziu oficinas de escrita criativa nas Universidades Diego Portales, Universidad Finis Terrae e Universidad Mayor. Participou de encontros, festivais de poesia, feiras de livros e recitais em várias cidades do Chile, bem como em Valência, Madri, Barcelona, Soria, Washington, Nova York, La Paz, Medellín, Bogotá, Guayaquil, Quito, Buenos Aires, Lima, Guadalajara, Cidade do México, Morelia, Tuxtla, San Cristobal de las Casas. Em 2006, recebeu a bolsa de estudos da Fundação J.S. Guggenheim. Em 2017, foi indicada para o Prêmio Altazor. Em 2018, recebeu o prêmio Lifetime Achievement Award da Fundação Neruda. Em 2022, recebeu o Prêmio Municipal de Literatura, Prêmio de Ensaio por seu livro "El deseo hecho palabra".

  • Carmem Berenguer

Ela é poeta, cronista e artista visual nascida em 1946 em Santiago do Chile. Sua carreira literária começou durante a ditadura militar na década de 1980. Ela se tornou uma das primeiras poetas a tornar visível a repressão exercida pelo regime de Augusto Pinochet, publicando suas obras: "Bobby Sands Desfallece en el Muro" (1983), "Huellas de Siglo" (1986) e "A Media Asta" (1988). Suas obras manifestam um compromisso social, desenvolvendo temas como a cidade e seus problemas, com ênfase especial naqueles ligados à política e ao mercado, o gênero feminino e os signos que estabelecem vínculos entre o corpo e a linguagem. Em 1997, recebeu a prestigiosa bolsa de estudos Guggenheim, com a qual desenvolveu sua conhecida obra "Naciste Pintada" (Você nasceu pintada). Sua carreira lhe rendeu várias distinções internacionais, como ser a primeira chilena vencedora do Prêmio Ibero-Americano de Poesia Pablo Neruda (2008), além de participar de importantes eventos literários, como o Congresso Internacional de Literatura Feminina Latino-Americana (1987) e a Feira Internacional do Livro de Guadalajara (2012).

  • Glória Dünkler

Nascida em 1977 em Pucón, na região de Araucanía, ela vem de uma família de artesãos, músicos e pescadores. Suas obras tratam dos primeiros assentamentos de colonos alemães no sul do Chile, contrastando a cultura europeia e a mapuche. Entre seus poemas mais importantes estão "Quilaco Seducido", Füchse von Llafenko (Raposas de Llafenko) e "Spandau", o último dos quais a consagrou como vencedora do Prêmio Municipal de Literatura de Santiago. Em 2015, ela lançou sua quarta coleção de poemas, "Yagatán", e recebeu o Prêmio Pablo Neruda no ano seguinte. Seus escritos foram traduzidos para diferentes idiomas (alemão, polonês, catalão, entre outros) e seus poemas apareceram em antologias chilenas e argentinas. Ela representou o Chile em diferentes eventos literários, como o Larinale na Alemanha (2013) e o Festival La Mar de Músicas na Espanha (2015).

Foto: Fundação Pablo Neruda
  • Cecília Vicuña

Norma Cecilia Vicuña Ramírez nasceu em 1948, em Santiago, em uma família de artistas e escultores. Estudou educação artística na Universidade do Chile e, mais tarde, fez pós-graduação na University College London, na Inglaterra, onde viveu por vários anos depois de ser forçada a se exilar após o golpe de Estado de 1973. Em 1967, aos 17 anos, ela fundou a Tribu No e escreveu o "Manifesto No" junto com figuras literárias como Claudio Bertoni, Coca Roccatagliata, Marcelo Charlín e Francisco Rivera. Durante seu período de exílio, decidiu mudar-se para Bogotá, Colômbia, onde continuaria a desenvolver sua escrita com ênfase na política e na cultura indígena chilena. Em 1979, participou do concurso nacional de poesia Eduardo Coté Lamus, no qual não recebeu o prêmio devido ao seu tom erótico e revolucionário, uma situação que a tornaria conhecida na esfera pública do país cafeeiro. Em 1992, publicou seu livro Unravelling Words & the Weaving of Water, que a ajudou a iniciar uma turnê internacional em instituições renomadas na América Latina, nos Estados Unidos e na Europa. Em 2022, ela foi premiada com o Leão de Ouro pela conquista vitalícia na 59ª Bienal de Arte de Veneza. Além disso, três anos antes, ela ganhou o Prêmio Velázquez de Artes Visuais.

Foto: Infobae

 

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