June 06, 2023 #Conhecimento e ciência

Astrônomos chilenos participam da descoberta das moléculas orgânicas mais distantes do universo

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  • A descoberta, publicada hoje na revista Nature, foi feita graças ao Telescópio James Webb. Os chilenos Manuel Aravena e Manuel Solimano, da Universidad Diego Portales e do Centro de Excelência em Astrofísica e Tecnologias Relacionadas (CATA), estavam entre os cientistas que participaram.
  • Esses tipos de moléculas também podem ser encontrados na Terra na forma de fumaça, fuligem e smog. Isso demonstra o enorme poder do Telescópio James Webb em ajudar a entender a química complexa que acompanha o nascimento de novas estrelas, mesmo no início da história do universo. "Pelo menos no caso das galáxias, as novas descobertas colocam em dúvida o velho ditado 'onde há fumaça, há fogo'", declarou o Dr. Aravena.

-Uma equipe internacional de astrônomos descobriu as partículas orgânicas mais distantes de que se tem registro, depois de estudar uma galáxia localizada a mais de 12 bilhões de anos-luz de distância. A galáxia foi descoberta pela primeira vez pelo Telescópio do Polo Sul em 2013 e, desde então, tem sido estudada por muitos outros telescópios, incluindo o radiotelescópio ALMA e o Telescópio Espacial Hubble.

Os dados obtidos por esse instrumento espacial encontraram sinais reveladores de grandes moléculas orgânicas semelhantes à poluição e à fumaça. Esses são os blocos de construção das mesmas emissões de hidrocarbonetos que causam câncer na Terra e são os principais contribuintes para a poluição do ar.

De acordo com o Dr. Justin Spilker, acadêmico da A&M University e principal autor da pesquisa, "essas grandes moléculas são bastante comuns no espaço. Os astrônomos costumavam pensar que elas eram um bom sinal de que novas estrelas estavam se formando. Onde quer que se vissem essas moléculas, as estrelas bebês também estavam lá, brilhando intensamente".

A descoberta foi possível graças ao trabalho combinado do Telescópio James Webb e de um fenômeno chamado lente gravitacional. A lente gravitacional, originalmente prevista pela teoria da relatividade de Albert Einstein, ocorre quando duas galáxias estão quase perfeitamente alinhadas do nosso ponto de vista na Terra. A luz da galáxia de fundo é esticada e ampliada pela galáxia em forma de anel em primeiro plano, conhecida como anel de Einstein.

Para Manuel Aravena, professor do Instituto de Estudos Astrofísicos (IEA) da Universidad Diego Portales (UDP) e membro associado do Centro de Excelência em Astrofísica e Tecnologias Relacionadas (CATA), "o efeito da lente gravitacional age como um telescópio natural, ampliando a imagem e permitindo que vejamos estruturas no universo distante que, de outra forma, seriam impossíveis de ver. Esse efeito, juntamente com a sensibilidade única do Telescópio Webb, nos permitiu ver os componentes das moléculas orgânicas em uma galáxia no início do universo de uma forma nunca antes vista".

De acordo com Manuel Solimano, PhD em Astronomia pela Universidade de Bonn, estudante de doutorado no IEA e pesquisador do CATA, "o Telescópio Webb foi projetado especificamente para decifrar como as galáxias se formaram quando o universo tinha quase 10% de sua idade atual. Essa descoberta abre novas portas para a compreensão da formação de galáxias por meio da identificação de moléculas orgânicas".

Os líderes da equipe também incluíram a astrônoma Jane Rigby, do Goddard Space Flight Center da NASA, o professor Joaquín Vieira, da Universidade de Illinois, e dezenas de astrônomos de todo o mundo. A descoberta é a primeira detecção do Telescópio Webb de moléculas complexas no universo primitivo, um marco que Spilker vê como um começo e não como um fim. "Estes são os primeiros dias do Telescópio Webb, portanto nós, astrônomos, estamos animados para ver todas as coisas novas que ele pode fazer por nós", afirmou.

O artigo da equipe, "Spatial variations in aromatic hydrocarbon emission in a dust-rich galaxy" (Variações espaciais na emissão de hidrocarbonetos aromáticos em uma galáxia rica em poeira), pode ser lido on-line. O Telescópio Espacial James Webb (JWST) é operado pelo Space Telescope Science Institute, sob a administração da Association of Universities for Research in Astronomy, Inc., sob o contrato NASA NAS 5-03127. DOI: 10.1038/s41586-023-05998-6.

Imagem principal

Usando o Telescópio Webb, os astrônomos descobriram evidências de moléculas orgânicas complexas semelhantes à fumaça ou smog na galáxia distante mostrada aqui. A galáxia, a mais de 12 bilhões de anos-luz de distância, alinha-se quase perfeitamente com uma segunda galáxia a apenas 3 bilhões de anos-luz da Terra. Nessa imagem Webb de falsa cor, a galáxia em primeiro plano é vista em azul, enquanto a galáxia de fundo está em vermelho. As moléculas orgânicas são destacadas em laranja (Crédito: J. Spilker / S. Doyle, NASA, ESA, CSA).

Imagem explicativa

A galáxia observada pelo Telescópio Webb mostra um anel de Einstein causado por um fenômeno conhecido como lente. A lente ocorre quando duas galáxias estão quase perfeitamente alinhadas do nosso ponto de vista na Terra. A gravidade da galáxia em primeiro plano faz com que a luz da galáxia em segundo plano seja distorcida e ampliada, como se fosse vista através da haste de uma taça de vinho. Por serem ampliadas, as lentes permitem que os astrônomos estudem galáxias muito distantes com mais detalhes do que seria possível de outra forma. (Crédito: S. Doyle / J. Spilker)

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