A instituição encarregada de promover a imagem do país no mundo, apresentou uma série de peças audiovisuais que reúnem as histórias de chilenos que vivem na Suécia, México e Argentina, buscando retratar como a identidade nacional é construída além das fronteiras.
Como parte da comemoração dos 50 anos do golpe de Estado, a Fundación Imagen de Chile apresentou na Cineteca do Centro Cultural Palacio La Moneda o documentário "50 anos: identidade, memória e futuro", um curta-metragem de 33 minutos que aborda as histórias de chilenos que vivem no exterior, coletando a realidade daqueles que, Contra a sua vontade, deixaram o país há meio século, assim como o das famílias que construíram no exílio.
"De maneiras diferentes e profundas, os 50 anos nos marcaram para sempre como país de maneiras que talvez até hoje não tenhamos entendido completamente. Milhares de chilenos foram para o exílio e hoje, meio século depois, forjaram uma nova vida e família nesses territórios distantes", diz a diretora executiva da Imagen de Chile, Rossana Dresdner.
O filme também resgata os depoimentos daqueles compatriotas que constroem suas vidas no exterior, seja por motivos acadêmicos ou de trabalho. "Na Fundación Imagen de Chile queríamos coletar, retratar e compartilhar essa realidade, mostrar essas vidas, histórias humanas de chilenos que vivem naqueles pedacinhos do Chile, mostrando o que eles construíram, como chilenos, ao longo desses 50 anos", acrescenta Dresdner.
Do Ministério das Relações Exteriores, a ministra das Relações Exteriores, Gloria de la Fuente, expressa que "há muitos chilenos no exterior fazendo contribuições de diferentes tipos, em ciência, arte e tecnologia, felizmente tive a oportunidade de conhecer muitos chilenos no exterior, mas também, e no que diz respeito ao que nos une, muitos chilenos no exterior que foram exilados são aqueles que mantêm a memória viva e os fragmentos de milhares de histórias contribuem de uma forma muito fundamental lembrar que a defesa da democracia e do Nunca Mais é muito necessária".
Um pedaço do Chile no mundo
Com a colaboração das embaixadas chilenas na Suécia, México e Argentina, foi possível conhecer as histórias humanas que não falam apenas do Chile, mas também desses territórios que abriram suas portas para receber milhares de chilenos em tempos de medo e incerteza.
"Havia algumas fotos. Uma foto da minha mãe, do meu pai e eu quando bebê, a foto com a qual eles me procuraram por todos esses anos. Meus apropriadores, a família que me criou, também tiraram fotos de mim pouco depois de me terem e eu me reconheci nessas fotos", diz Claudia Poblete, filha de um casal chileno detido na Argentina, recuperada pela avó paterna em 1999, quando tinha 21 anos.
"Na ciência, trabalhamos a adaptação das nossas células, vendo como elas mudam, modificam fenótipos, e nós, sendo migratórios, também nos adaptamos a tudo. Admiro a comunidade chilena que teve que emigrar para a Suécia, porque as culturas são completamente diferentes, e em um contexto de tanta tristeza por deixar seu país para trás, a adaptação teve que ser muito forte", diz Eduardo Villablanca, professor associado do Instituto Karolinska que mora na Suécia há 8 anos.
Até hoje, a adaptação continua sendo um processo contínuo para muitos daqueles que tiveram que deixar o país. "Eu nunca, nunca me acostumei. Minha filha faz, meu filho também. Eles já têm sua vida aqui, amam a Suécia", diz Gloria Bascur, costureira e cozinheira de 35 anos na Suécia.
Há também segunda e terceira gerações de chilenos no exterior que hoje analisam o que foram esses 50 anos: "Gostaria que as pessoas pudessem se abrir para ouvir os outros. Não só depois de 50 anos de ditadura, mas ver realmente que o que aconteceu no Chile não está certo. Temos que aproveitar esses espaços para lembrar o que não pode acontecer de novo, para celebrar o que conquistamos e ver onde queremos chegar", diz Natalia Ponce, estudante de ciência política e filha de chilenos nascidos no México.
Chile em 50 anos
Como parte do lançamento da série de peças documentais, a Fundación Imagen de Chile lançou uma landing page que, além de hospedar o documentário, oferece uma série de conteúdos que buscam coletar a realidade "chilena" de milhares de compatriotas longe de nossas fronteiras e dar conta de como o mundo nos viu neste meio século.
A partir de filmes, séries, documentários e arquivos de documentação, o hub de conteúdo, que está disponível a partir desta quinta-feira, 31 de agosto, permitirá aos usuários acessar material que retrata parte do que foram esses últimos anos, além de uma revisão histórica da cobertura que a mídia internacional fez de nosso país durante as últimas cinco décadas.
Além disso, no site, sob o título "Nossas histórias diárias dos últimos 50 anos", as pessoas poderão enviar fotografias que capturaram momentos de suas vidas durante o último meio século, buscando refletir a evolução do nosso país.
Se quiser conhecer esse e outros conteúdos da landing page, clique aqui