Considerado um dos nados mais radicais que o mundo já viu, em fevereiro a Sereia do Gelo tentará quebrar um novo recorde mundial do Guinness como a primeira pessoa a nadar 2,5 km na Paradise Bay, na Península Antártica.
Nadando em águas extremamente frias, com temperaturas de cerca de -2º Celsius, a chilena Bárbara Hernández se prepara para estabelecer um novo recorde para o país ao se tornar a primeira pessoa a nadar 2,5 quilômetros na Antártica, a maior distância da história. A nadadora, conhecida como a "Sereia do Gelo", partirá para o continente branco em fevereiro para realizar a façanha, sem roupa de mergulho ou proteção térmica, em um trecho localizado na Baía Paraíso, na Península Antártica.
Movendo-se entre os blocos de gelo, o atleta procura tornar visível o derretimento polar e apelar para a proteção do meio ambiente, na esperança de desacelerar o aquecimento global. "Estamos em uma corrida contra o tempo. Este lugar precisa ser protegido, todo o nosso futuro depende dele. Precisamos de ações concretas para impedir o derretimento do gelo, que é essencial para a sobrevivência de nossos ecossistemas", explica Bárbara Hernández. Ela acrescenta que "a geografia da Antártica passou por grandes mudanças; onde há 15 anos havia campos de gelo, hoje há lama, por isso é essencial torná-la uma área marinha protegida o mais rápido possível".
A nadadora e psicóloga de 36 anos está tentando se tornar a primeira sul-americana a nadar todos os sete oceanos, dos quais ela já nadou quatro: o Estreito de Gibraltar (entre a Espanha e o Marrocos), o Canal da Catalina (EUA), o Canal da Mancha (entre a França e a Inglaterra) e o Canal Molokai (Havaí).
Em 2021, em meio à pandemia, ela completou dois grandes desafios: em maio, tornou-se a primeira sul-americana a cruzar o Canal Molokai e, em agosto, foi a primeira latino-americana a completar o teste de nadar duas voltas ao redor da ilha de Manhattan. Além disso, no ano passado ela também foi eleita a mulher do ano pela Associação Mundial de Natação em Águas Abertas e escolhida entre os 100 jovens líderes pela revista Sábado, do El Mercurio. A atleta nacional recebeu mais de 100 medalhas em sua carreira e, em 2017, 2018 e 2019, foi classificada em primeiro lugar pela Associação Internacional de Natação de Inverno.
Barbara Hernandez é uma nadadora com uma mentalidade incansável, o que permite que seu corpo resista aos -2 graus nessas águas, que não congelam devido à salinidade do mar. "O corpo de Barbara pode chegar a 33 graus Celsius em hipotermia. A essa temperatura, uma pessoa comum poderia morrer imediatamente", disse Paulina Alvarez, membro da equipe técnica, que será responsável pela recuperação da campeã mundial. "A ideia é que esse será o nado mais rápido que ela fará por causa do perigo envolvido, então ela não poderá comer ou beber nada enquanto estiver nadando.
O Antarctica Challenge terá o apoio da Imagen de Chile, da Antarctic and Southern Ocean Coalition (ASOC) e da Marinha do Chile.
"O mundo já conhece o Chile por suas incríveis paisagens e geografia. Queremos que nos conheçam também por nossa gente e pelo que podem conseguir graças a seu talento, visão e capacidade de contribuir para criar um futuro melhor para o mundo, e Bárbara Hernández é um claro exemplo disso", disse a diretora executiva da Imagen de Chile, Constanza Cea. "Nesse grande desafio que ela assumirá, há fatores relevantes que nos unem como chilenos e que nós da Imagen de Chile queremos mostrar ao mundo. Em primeiro lugar, nossa capacidade de superar grandes desafios; em segundo lugar, a importância de cuidar de nosso território e das grandes áreas marítimas protegidas dedicadas à conservação que temos no Chile; e, em terceiro lugar, que somos a porta de entrada para a Antártida, o continente do futuro".
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